quinta-feira, 14 de abril de 2011

Herança

Lendo a certidão de óbito do pai de um amigo, me chamou a atenção a seguinte frase:
“Não deixou bens”.

Frase que me fez pensar.

Que bens?

Propriedades?

Dinheiro?

Carros?

Empresas?

Bens que na maioria das vezes, são motivo de brigas judiciais entre irmãos, irmãos que somente se suportavam e não viam a hora de que um dos pais morresse pra poder colocar a mão nos “bens”.

Pessoas que não herdaram o verdadeiro bem.

Qual é o verdadeiro bem?

Qual é o bem mais valioso?

No velório do pai desse meu amigo, que aos olhos humanos não é rico, ele me dizia sobre o que o pai tinha representado pra ele, pelo amor que ele tinha pela natureza, pelos animais, pelos menos favorecidos.

Que por ser negro, e ter vivido numa cultura de pós escravatura, ainda colheu os amargos frutos dessa realidade.

Mas nem por isso desanimou da vida, pelo contrário, viveu intensamente todos os dias que Deus permitiu que ele vivesse.

Um homem negro, comum, do povo.

Aos olhos naturais, ele não deixou nenhum bem.

Mas pra esse meu amigo, deixou tudo o que tinha de melhor, de mais precioso.

Deixou a herança do exemplo, do pai, da vida.

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